Um filme de Richard Linklater, inspirado no livro homônimo de Maria Semple, retrata de forma leve a história de Bernadette Fox, interpretada pela fabulosa Cate Blanchett, uma arquiteta bem sucedida e com projetos de vida principalmente profissionais ligados a criação. Com o passar do tempo e após situações e perdas vividas pela personagem, Bernadette abre mão de sua essência, adoece psiquicamente e torna-se uma pessoa deprimida e com dificuldades de socializar.
Estes sentimentos ficam mais fortes quando sua filha, Bee, propõe uma viagem em família para a Antártica. Bernadette, então, se questiona como conseguiria realizar tal viagem diante da dificuldade em enfrentar suas fobias e seu comportamento antissocial.
Diante desse conflito, a decisão definitiva acontece após uma situação difícil, em que seu marido junto a uma psicóloga interpretam uma série de situações que a colocam no lugar de expectadora de sua própria vida. Nesse momento o filme aponta para uma questão atualmente comum, onde o outro fantasia saber mais que o próprio sujeito em questão. E a personagem questiona: “Vc ainda está apresentando a realidade para mim, ou eu já posso falar?” Segundo a psicanálise, só a própria pessoa pode vir a saber sobre seu sintoma e falar de si.
E é lá na Antártica, ambiente inóspito e para muitos, destino improvável, que ela localiza algo de seu desejo e tem um novo encontro com o seu sentido de vida.
Nossa ideia é propor ao leitor uma busca reflexiva em questionar-se, onde você se encontra neste momento? Qual é o seu sonho? Seu projeto de vida? O que faz brilhar seus olhos?
E lembrando, não se trata de alcançar os objetos/objetivos, mas sim, de construir alvos, caminhos para que se possa desfrutar, contemplar os muitos percursos, que por muitas vezes são instáveis e imprevisíveis, mas apontam para a importância de se estar em movimento. Se vc sente medo, na medida do possível, tente ir com medo mesmo!
O importante é a construção dos caminhos, o percurso, essa busca incessante que nos motiva a viver, e “Cadê você, Bernadette?” não é sobre procurar alguém, mas se reencontrar. Então: Cadê você, Paulo? Cadê você, Joana, Pedro, Ana? Cadê você?